É preciso um bom whisky para esquecer


...e para aquecer, depois de uma noite tão gelada quanto infeliz para os portistas no Ibrox Stadium. Se o empate em casa frente ao Rangers já tinha sido negativo, o que dizer da derrota desta noite em Glasgow, que deixa os portistas em posição muito delicada no que ao apuramento para os 16-avos da Liga Europa diz respeito?

Em ambiente europeu e de alta exigência - o Rangers já vinha de 14 jogos europeus seguidos sem perder em casa, agora são 15 - Sérgio Conceição decidiu experimentar, experimentar muito. Revolucionou o sistema tático e foi infeliz, somando a segunda derrota em dois jogos fora nesta fase de grupos. Morelos repetiu o que tinha feito em Portugal, Steven Davis ampliou.

Baralhar e voltar a não dar


O ambiente, há que dizê-lo, era extraordinário. O som vindo das bancadas repletas era contido nesta espécie de caixa gigante que é o Ibrox Stadium, do velho e bom formato britânico, e ampliado até se tornar quase ensurdecedor. Num dos cantos havia cerca de 800 portistas que tinham a dificuldade esperada em fazerem-se ouvir, ainda que bem tentassem.

Mas vamos ao jogo em si: logo no anúncio dos onzes houve surpresa e alguma confusão. Telles, Mbemba, Corona e Manafá na mesma equipa? Como seria a disposição? Pois bem, com a bola a rolar ainda mais confusão se gerou. O FC Porto, que andou entre o 4x4x2 e o 4x2x3x1 nas últimas semanas, apresentava-se desta vez num sistema raro de ver em Portugal: uma espécie de 3x6x1, ou 5x4x1 (a defender), ou até 3x5x2 (depende de como o virmos). Corona vagabundeava pelo ataque: ora perto de Tiquinho Soares, ora mais recuado em busca de linhas de passe, ora a cair sobre a ala e a cruzar.

Mais do que confundir o adepto ou a imprensa, Conceição planearia confundir o adversário, a equipa de Steven Gerrard que se apresentava num sistema bem mais rígido e tradicional, à imagem do que tinha feito no Dragão. Até certo ponto pareceu poder funcionar, porque os primeiros momentos do jogo mostraram a dificuldade da equipa escocesa a tentar prever os movimentos das armas ofensivas portistas.


Nessa altura, numa primeira etapa, o FC Porto esteve por cima e podia bem ter mexido com o marcador. Aliás, foi de forma milagrosa que o médio Kamara evitou o golo de Pepe logo aos oito minutos, na sequência de um canto. Aos 12' bastou a McGregor, o guardião do Rangers, ver a bola vinda da cabeça de Tiquinho Soares falhar o alvo. 

Os portistas começaram por confundir o Rangers, acabaram a confundir-se a si próprios. Uma série de bolas falhadas que só não originavam mais perigo porque Danilo Pereira se destacava na zona defensiva do meio-campo, voltando aos bons dias. O capitão portista via-se a sofrer demasiado com erros de outros, como quando uma bola perdida por Manafá o obrigou a fazer falta para amarelo.

Enquanto isso, o Rangers repetia a receita de um sistema equilibrado e confiança no futebol direto, à boa maneira britânica, beneficiando da grande profundidade nos corredores. Iam somando cruzamentos, em busca da felicidade que não surgia por falta de pontaria mas a que teriam direito mais tarde.

Castigo penoso

A segunda parte começou praticamente com a saída de Pepe, por lesão, para entrada de Luis Díaz (não havia centrais de raíz no banco, Diogo Leite ficou fora por opção). Apesar da mudança, o FC Porto não abdicava deste radical sistema, com Telles a tornar-se algo próximo de um central.


Depois de Marchesín se ter mostrado a remate de Kent, Manafá quase conseguia compensar as lacunas defensivas com um remate perigoso que não deu em golo porque houve mais uma vez um corte de recurso adversário. O Rangers segurava-se e via a oportunidade para causar dano aos portistas.

Foi do flanco que partiu o perigo que se tornou fatal. Como já parecia ser bem provável. Numa ofensiva pela direita, Manafá não conseguiu travar quem lhe surgiu pela frente, Jack cruzou e Morelos infligiu nova ferida aos dragões. Muito eficaz o colombiano, mais uma vez, mostrando poder bem ser jogador para altos voos.




E fomos de um flanco para o outro com o mesmo desfecho. Tinha sido na direita, foi depois pela esquerda que Morelos ficou com espaço, segurou perto da linha final e atrasou para o remate de Steven Davis que, com alguma felicidade à mistura, bateu Marchesín.

Já tinha saltado para o campo Zé Luís (rendeu Soares), saltou também Fábio Silva para o lugar de Otávio mas a reação portista foi impotente. Vida muito complicada para o FC Porto na Liga Europa, para já com o último lugar do grupo.

Texto: ZeroZero

 
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