Diogo Queirós: «Sonho ser o capitão do FC Porto»

Aos 20 anos, o internacional sub-21 saiu dos dragões rumo à Bélgica, por empréstimo, mas não esquece o clube do coração

Impressionou imediatamente pelo Mouscron, mas o central, feliz pelos minutos que está a ter, nunca esquece o clube do coração

Record: Foi chegar, impressionar, marcar, vencer... Como está a correr esta experiência na Bélgica, a primeira que tem fora do conforto de Portugal?

Diogo Queirós - Está a correr muito bem. Estou muito feliz até agora com a minha vinda e foi muito bom começar desta maneira, sempre a jogar os 90 minutos e com um golo.  Espero que este momento continue até ao fim da temporada.

R: Que expectativas levou para o Mouscron?

DQ - Tenho o objetivo de fazer o maior numero de jogos possível e também de que novas pessoas e novos olhos me possam ver, para mostrar o meu futebol e o que valho. Espero concretizar isso, para ter mais experiência e minutos. É o mais importante nesta fase da minha carreira.

R: Do que já viu , está surpreendido pela positiva?

DQ - Estou surpreendido com o campeonato belga. É muito intenso e nenhum jogo é fácil. Tivemos o caso de há umas semanas, em que jogámos contra o ultimo (Beveren) e só conseguimos o empate. Cada jogo é uma batalha, uma luta e em todos os encontros temos de estar no máximo da força

R: Tem ganho títulos atrás de títulos por onde passa. O Mouscron nunca foi campeão mas está em 8º lugar,a um ponto do terceiro. É para fazer historia?

DQ: Iniciamos multo bem o campeonato, estamos numa boa classificação. Claro que procura mos alcançar o melhor lugar possível na tabela, mas o objetivo é ficar nos seis primeiros e depois seguir para o play-off de campeão.

R: Então e os resultados históricos nos testes físicos de que o técnico Bernd Hollerbach falou? Como foram?

DQ - Foram testes de resistência, de força nas pernas e de estabilidade. Isso deveu-se minha preparação no FC Porto. Foi uma excelente pré-época que me fez estar na melhor forma possível para começar esta temporada em grande

R: Esse lado físico é algo que dá muita importância?

DQ - Claro, trabalho nisso todos os dias. A nossa ferramenta de trabalho é o nosso corpo, por isso temos de estar como corpo 100 por cento saudável e forte para encararmos todos os treinos e todos os jogos da melhor forma para não haver lesões, que são o pior que podem acontecer a um jogador.

R: Sente que rapidamente reconheceram o seu valor, o seu trabalho, e por isso estão a apostar em si logo de início?

DQ – Quando estava no FC Porto e a analisar todas as opções que tinha, escolhi o Mouscron porque foi o clube que mais confiança me deu de que ia jogar bastante. O que me interessava a 100 por cento era poder jogar, poder mostrar-me, e o Mouscron foi o clube que mais me deu essa motivação de que ia jogar bastante.

R: É um campeonato na medida certa para permitir o seu crescimento e afirmação ao mais alto nível?

DQ – É um campeonato em que vou crescer bastante, porque é um campeonato em que todas as equipas têm avançados muito fortes e muito rápidos, como é característico dos belgas. Vou crescer bastante e ganhar muita experiência.

R: Que diferenças é que já consegue identificar em relação ao futebol português?

DQ – Pelo que senti, é mais rápido e mais aberto. É intenso, não dá para parar nem relaxar um bocadinho. Estamos a atacar rápido ou a defender logo.

R: Havia outras opções?

DQ – Também havia outros clubes que até poderiam chamar mais ao olho, mas o que me interessava mais era mesmo jogar.

R: É inevitável perguntar o que sentiu quando soube que o FC Porto o ia emprestar. Está no clube há muitos anos, tem sido sempre o capitão. O que passou pela cabeça? Custou?

DQ– Claro que no primeiro impacto fiquei um bocado triste porque continuo a ter o desejo de jogar no FC Porto, mas sabia que o melhor para mim era jogar simplesmente. Se não fosse no FC Porto, ia ser aqui ia ser bom para mim. Um jogador de 20 anos estar parado não interessa a ninguém.

R: Sente que já estava pronto para agarrar um lugar na equipa principal ao mais alto nível neste momento?

DQ - Não sei dizer se estava pronto ou não, mas sinto que trabalhei bem na pré-época e quer fosse no FC Porto ou no Mouscron, ia dar o melhor de mim. Todos os jogos em que seja chamado lá para dentro é para mostrar o meu futebol e tentar jogar o melhor possível.

R: Acredita que ser emprestado foi o melhor que podia acontecer para estar a jogar regularmente numa primeira divisão, mesmo que não esteja com o plantel da equipa do coração?

DQ- Se fizermos o balanço e metermos em causa que se estivesse no FC Porto não estaria a jogar, acho que fiz a opção correta. O fundamental, e gosto de reforçar Isso, era eu jogar.

R: O Olha para o facto de não ter opção de compra no seu contrato de empréstimo como um voto de confiança, em como vão apostar em si no futuro depois de voltar?

DQ- Durante a pré-época também sentia que acreditavam em mim. Podia não ser para o imediato , mas para um futuro próximo. Ao quase que obrigarem a sair sem opção de compra, depositam confiança em mim para o futuro, e espero poder agarrar-me a esse mesmo futuro.

R: Tem sido capitão em todos os escalões do FC Porto, também das seleções, e foi uma referencia no futebol jovem.  Sonha ser capitão da equipa principal do FC Porto um dia?

DQ - Tenho esse sonho de ser o capitão da equipa principal, claro. Depois de toda a formação a ser capitão, esse é o objetivo final. Claro que quero ter o pleno! Mas, primeiro do que ser capitão, é preciso jogar. Esse é o primeiro objetivo.

R: O que pensa que faz de si um líder e um capitão?

DQ - Não sei descrever-me muito. Já vem da minha personalidade, e se desde cedo os treinadores e os meus colegas me têm escolhido, é porque acham que tenho a personalidade certa para isso. Se consigo ser capitão com esta personalidade, não tenho de mexer nada.

R: Ainda falando do FC Porto, o Sérgio Conceição disse-lhe alguma coisa antes de fechar o empréstimo e seguir viagem para a Bélgica?

DQ- Desejou-me boa sorte e disse que iam estar sempre a acompanhar. Que ia ser bom para mim, porque o mister também sabia que o importante era ter minutos.

R: Como foi trabalhar às ordens de Sérgio Conceição durante a pré-temporada? Sente que tem atenção aos mais jovens e que aposta neles?

DQ- É muito bom trabalhar com o mister, porque é muito sério e muito comprometido com o trabalho que faz. Foi a primeira pré-época por completo em que eu estive a trabalhar com ele e conseguiu preparar-me a 100 por cento para vir para aqui.

R: Imagino que continue a acompanhar tudo o que consegue do FC Porto ai na Bélgica, não é?

DQ- Sempre! Continuo a acompanhar o que se passa no FC Porto a 100 porcento.

R: E em termos de jogadores, quem é que o impressionou mais e quem é que serviu mais de modelo para si?

DQ- Todos os jogadores do plantel têm grande qualidade, mas criei uma boa como Pepe. Falámos bastante enquanto estive lá, ele ajudou-me e mesmo agora que estou aqui na Bélgica, troca-mos mensagens varias vezes. Criei uma boa amizade com ele.

R: Tem algum jogador que sirva de referência para si em termos de estilo de jogo?

DQ – Quando me fazem essa pergunta, nunca sei o que responder. Não tenho nenhum que idolatre desde pequeno. Tento acompanhar e seguir os que estão melhor no momento. O melhor agora é o Van Dijk e pode ser a minha referência e para o ano ser outro.

R: Sente que os centrais hoje em dia já não podem ser, de todo, apenas jogadores defensivos?

DQ – Não são só jogadores que tratam de não deixar a equipa adversária marcar golos, mas também as jogadas cada vez mais começam de trás. Se o central não tiver algum poderio com bola e qualidade para construir jogo, não é completo e não irá ser o melhor.

R: Para um central, marca bastantes golos. Faz trabalho específico para isso?

DQ – Tento dar o meu máximo quando fazemos trabalho de finalização porque, como sou central, não apareço tantas vezes lá à frente. Quando apareço, tento aproveitar as poucas oportunidades que tenho. É preciso treinar bem.

R: Tem conseguido uma carreira com inúmeros títulos muito importantes. Consegue apontar um mais marcante ou é impossível?

DQ – É impossível. Falando dos dois Europeus e da Youth League, são todos importantes à sua medida. O de sub-17 foi o primeiro, no de sub-19 fizemos história por Portugal e na Youth League fizemos história pelo FC Porto e por Portugal.

DQ – Houve várias coisas que não correram tão bem e acho que também faltou um bocado de sorte em alguns jogos. Era porque não tinha de ser para nós, porque tínhamos feito mais para pelo menos passar a fase de grupos.

Agora já estamos a preparar o Europeu sub-21. DQ – Foi muito importante porque é um selecionador novo, toda a gente quer mostrar mais um bocadinho para entrar no leque de jogadores selecionados por ele. Comecei bem e espero continuar a jogar na Bélgica para merecer a confiança do míster Rui Jorge, para continuar a ser convocado nas próximas oportunidades.

R: Tem formado um dupla que joga quase de olhos fechados com o Diogo Leite. O que faz tudo funcionar assim entre vocês?

DQ – Já são muitos anos, já o conheço muito bem, como ele me conhece a mim. Às vezes nem é preciso falar muito, porque já conheço os pontos fortes e fracos dele, tal como ele conhece os meus. Completamo-nos e é isso que nos faz uma grande dupla.

R: É uma dupla para ver no FC Porto e nos AA daqui a uns anos?

DQ – Vamos trabalhar para isso!

R: Por falar em Diogos, o que aconteceu para ter surgido uma fornada de Diogos assim? Queirós, Dalot, Leite, Costa... O segredo está no nome?

DQ – Não sei (risos)... mas uma coisa que todos têm em comum é que dão o máximo em todos os dias em que vão para o relvado e têm uma ambição imensa. Têm o desejo muito grande de poderem ter a melhor carreira possível.

R: Gostava de juntar os Diogos na Seleção Nacional?

DQ – Se continuarmos a trabalhar e a evoluir e sempre a acrescentar algo ao nosso jogo, acho que podemos todos chegar lá e ter uma carreira muito feliz.

R: A geração de '99 pode passar muitos jogadores para a Seleção Nacional e ter muitos com boas carreiras?

DQ – Somos considerados uma geração de ouro pelo que fizemos, mas se os jogadores que participaram nesses Europeus não continuarem com a mentalidade que os levou a esses troféus, não vão chegar lá.

Espero que, tendo sido capitão dessa geração, o máximo de jogadores chegue ao mais alto nível. Espero que continuemos a trabalhar para chegar o mais longe possível.

R: Hélio Sousa teve um papel importante?

DQ – O míster Hélio foi um treinador muito importante para todos nós. Ensinou-nos muitas coisas e algumas delas vamos levá-las para sempre nas nossas carreiras.

R: Olhando para o panorama do futebol português, sente que finalmente se está a apostar nos jovens portugueses formados dentro dos próprios clubes ou esse cenário ainda está longe do ideal?

DQ – Já está muito melhor do que há uns anos e só espero que assim continue ou que melhore ainda mais. Acho que é muito importante apostar na formação e nos jovens que têm estado a dedicar as suas vidas durante muitos anos aos respetivos clubes. Merecem ter alguma uma recompensa por todo esse trabalho.

 
FcPorto e Os Amigos
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