Bueno, o goleador não assumido

26-05-2015

​Avançado diz que os golos não são a sua especialidade, mas foi à custa deles que se deu a conhecer ao futebol​​​​​​

O nome de Alberto Bueno correu o mundo quando, a 28 de Fevereiro deste ano, assinou um poker em 15 minutos ao serviço do Rayo Vallecano, o clube que representou nas duas últimas épocas antes de chegar ao Dragão. Naquele jogo, chegava aos 16 golos na Liga espanhola, mas numa entrevista à revista francesa So Foot, o mais recente reforço do FC Porto confessava que essa não era uma das suas maiores especialidades: “Um mérito, se é que verdadeiramente tenho algum, é que não jogo como número nove, não sou um goleador”.

Uma afirmação que, no entanto, contrasta com o passado e com o presente, em que alcançou o estatuto de melhor artilheiro numa só época no clube de Vallecas no primeiro escalão, com 17 remates certeiros, que juntou aos 12 de 2013/14. A relação estreita de Bueno com os golos, porém, começou bem mais cedo. Os primeiros pontapés na bola foram dados na Escuela de Fútbol Concepción, nos arredores de Madrid, onde nasceu e onde o Real o foi buscar para jogar nos infantis. Com 15 anos deu o salto para a equipa de iniciados em que se sagrou o máximo goleador da categoria em todo o país com mais de 40 golos, que o levaram a representar as selecções jovens de Espanha.

Foi, aliás, com a camisola da Roja que alcançou os primeiros grandes êxitos da carreira. Aos 18 anos, empatado com o turco Ílhan Petak, sagrou-se o máximo goleador do Campeonato Europeu de Sub-19, que lhe valeu a conquista do prémio “Jogador de Ouro”, que distingue o melhor jogador da competição. Os dois golos que marcou na vitória da Espanha por 2-1 sobre a Escócia, na final, foram decisivos para a distinção, numa equipa em que pontificavam nomes como os de Juan Mata, Gerard Piqué ou Javí Garcia, mas em que Bueno era apontado como o farol daquela geração.

Na verdade, o madrileno, que é um dos 11 jogadores revelação da Liga para o desportivo espanhol Marca, não é um ponta-de-lança fixo. Aliás, joga mais como segundo avançado, “por trás de um jogador de referência”, como confessou na apresentação como jogador do FC Porto, e também não tem dificuldades em jogar encostado aos flancos. À capacidade de saber aparecer no espaço, acrescenta a habilidade de um médio de criação e a de tratar bem a bola com os dois pés, apesar de o preferido ser o direito.

Bueno não tem por hábito festejar efusivamente os golos que marca - na maioria das vezes, limita-se a levantar o braço com o dedo indicador em riste. E foi dessa forma que celebrou o poker ao Levante, que lhe permitiu entrar na história do futebol espanhol. Ao tornar-se o primeiro jogador do Rayo Vallecano a marcar quatro golos num só jogo na Liga, repetiu a proeza do histórico avançado brasileiro Bebeto, ao serviço do Deportivo da Corunha, em 1995/96, sendo assim eleito o melhor jogador do mês de Março da Liga espanhola. Foi com golos que Bueno se mostrou ao mundo do futebol, mesmo que continue a insistir que isso não é o que sabe fazer de melhor.
FcPorto e Os Amigos

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